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Constelações nas Escolas

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Conheça a Fundamentação Teórica da Pedagogia Sistêmica: Ampliando o olhar na Educação

Constelação Familiar, Fenomenologia, Teoria dos sistemas, Terapia Familiar Sistêmica, Construtivismo.

A Pedagogia Sistêmica surge como uma abordagem inovadora que transforma a maneira como compreendemos o aprendizado, a educação e os vínculos entre alunos, professores e suas famílias.

Portanto, a Pedagogia Sistêmica não é apenas uma metodologia educacional, mas uma nova forma de enxergar a escola, a aprendizagem e as relações humanas.

Integrando Constelação Familiar, Terapia Sistêmica, Construtivismo e Fenomenologia, ela nos ensina que a educação precisa considerar o ser humano em sua totalidade, respeitando sua história, vínculos e emoções.

Baseada nos princípios das Constelações Familiares, essa abordagem leva em conta a influência dos sistemas familiares na vida acadêmica e no desenvolvimento emocional dos estudantes.

Para compreender os fundamentos dessa visão sistêmica na educação, é essencial conhecer as bases teóricas que sustentam a Pedagogia Sistêmica. A seguir, apresentamos os principais conceitos que a estruturam.


1.Constelação familiar

Bert Hellinger propôs uma “consciência de clã” – movimentos da alma que se norteiam por “ordens” arcaicas simples, que ele denominou de “ordens do amor” e demonstrou a forma como essa consciência nos enreda inconscientemente na repetição do destino de outros membros do grupo familiar.

Essas ordens do amor referem-se a três princípios norteadores:

  1. Necessidade de pertencer ao grupo ou clã
  2. Necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nos relacionamentos
  3. Necessidade de hierarquia dentro do grupo ou clã

As ordens do amor são forças dinâmicas e articuladas que atuam em nossas famílias ou relacionamentos íntimos. Percebemos a desordem dessas forças sob a forma de sofrimento e doença. Em contrapartida, percebemos seu fluxo harmonioso como uma sensação de estar bem no mundo.

Hellinger descobriu e descreveu os princípios que efetivamente norteiam a ajuda, criando assim também as chamadas “ordens da ajuda”.

Assim, essa é uma abordagem que apresenta uma vasta gama de aplicações práticas devido aos seus efeitos esclarecedores no campo das relações humanas, como:

  • Melhoria das relações familiares
  • Melhoria das relações interpessoais nas empresas
  • Melhoria das relações no ambiente educacional

Tais aplicações deram início a abordagens derivadas, denominadas de constelações familiaresconstelações organizacionais e pedagogia sistêmica.


2.Terapia Familiar Sistêmica

À partir das demandas sociais crescentes após o final da Segunda guerra mundial, houve grande investimento em pesquisas sobre a comunicação dos seres vivos e na compreensão dos mecanismos reguladores, dos sistemas vivos.

Dessa forma, a Cibernética – especialmente com os conceitos de feed – bach , homeostase , auto – regulação e a Teoria Geral dos Sistemas de Von Bertallanfy – tornaram-se referenciais básicos para  este novo campo.

O antropólogo e biólogo, Gregory Bateson semeou as bases da Terapia Familiar Sistêmica.


3.Construtivismo

O construtivismo parte do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o indivíduo e o meio.

A ideia é que o homem não apenas nasce inteligente, mas também responde aos estímulos externos agindo sobre eles para construir e organizar o seu próprio conhecimento.

Construtivismo na Educação é a forma teórica ampla que reúne as várias tendências atuais do pensamento educacional. É a ideia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado.

Inclusive, o conhecimento se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano e o mundo das relações sociais.

Assim sendo, a Eucação deve ser um processo de construção de conhecimento ao qual ocorrem, em condição de complementaridade. Por um lado, os alunos e professores e, por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído – acervo cultural da Humanidade.

“É um novo modo de ver o universo, a vida e o mundo das relações sociais”. Piaget


4.Fenomenologia

Fenomenologia é o estudo de tudo que se revela, do que se mostra. É a apreensão da essência absoluta das coisas, estuda o próprio fenômeno (Edmund Husserl, Heidegger, Sartre).

Assim, o método de B. Hellinger é fenomenológico pois permite aceder à informação inconsciente de um determinado sistema e detectar onde estão as desordens e as transgressões. Também favorece soluções que ordenam o sistema.


5.Teoria dos Sistemas

O Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função.

 

A teoria dos sistemas nasceu da Biologia (Bertalanffy). Um sistema se define como o conjunto de elementos em interação entre eles e, de forma conjunta com o meio ambiente, cada elemento pode ser estudado de forma separada. Porém, só adquire significado na medida que é considerado parte integrante de um todo.

Sendo assim, qualquer elemento pode ser visto como um sistema que, ao mesmo tempo, faz parte de outro sistema maior. Isto permite configurar o universo como uma arquitetura de sistemas em interação e com ordens hierárquicas.

A aplicação da Teoria dos Sistemas às Ciências Humanas e à Psicologia deu origem à corrente sistêmica, com larga trajetória na Terapia familiar.

Logo, nos sistemas, ordem e desordem são elementos complementares, sendo a ordem o resultado da inter-relaçao ordem/desordem/organização.

A seguir, observe os conceitos fundamentais:

    • Entropia – todo sistema sofre deteriorização
    • Sintropia, negentropia ou entropia negativa – para que o sistema continue existindo, tem que desenvolver forças contrárias à entropia
    • Homeostase – capacidade do sistema manter o equilíbrio e
    • Homeorrese – toda vez que há uma ação imprópria (desgaste) do sistema, ele tende a se equilibrar.

Dessa maneira, o estudo de um ecosistema pode-se abordar como uma unidade e, ao mesmo tempo, cada um de seus elementos possui características especificas que refletem sua interrelaçao com o resto.

Maturana, cientista chileno, sustenta que os sistemas humanos são autopoiêticos e autogeradores, ou seja, são capazes de se regenerar. A manutenção da vida é uma dinâmica relacional, um acoplamento estrutural do organismo com o seu meio e vice-versa.

Para Maturana em sua “Biologia do conhecer”, o conhecimento é uma construção da linguagem, é a referência construída nas relações que, por sua vez, são emocionadas.

O amor é a emoção que funda o social como o âmbito de convivência no respeito por si e pelo outro.

  • Diferenças: pensamento linear/lógico/cartesiano e pensamento sistêmico.

Relações entre causa e efeito e dualismo, o que significa olhar para o problema, reduzir o problema a uma parte, analisar – e aplicar a ela a solução, deixando de ver o todo e sua interação com o entorno. Significa ainda, buscar bons e maus culpados sem contemplar todos os fatores que intervém em um fenômeno.

Na educação, separar as disciplinas, não levar em conta o contexto, nem a dinâmica dos grupos e as forças de interação. Ainda, premiar os conhecimentos acadêmicos e desvinculados da condição humana e que dissociam o racional do emocional.

Enfoque sistêmico está na conectividade relacional, seu ápice é a ação recíproca, seja entre órgãos, na família, escola, ou qualquer grupo humano.


História da Pedagogia Sistêmica

A metodologia das Constelações Familiares que Bert Hellinger aplicava à Terapia Familiar e Pessoal estava pronta para ser aplicada em todos sistemas humanos, assim como na educação.

Umas das mestras pioneiras foi Marianne Franke, com resultados extraordinários. Ela trabalhava em escolas há 28 anos e com Bert Hellinger desde a década de 1980 e publicou sua experiência em “Você é um de nós” – Ed. Atman.

Em seguida, vem Angélica Olvera e Alfonso Malpica, responsáveis pelo CUDEC, no México, onde foi criado um currículo e metodologia – hoje, levado à mestrado pela Universidade do México,  sendo adotado também em vários  outros países.

Amparo Pastor promoveu a primeira turma na Espanha, em Madrid, 2003/2004, depois veio a Universidade Autônoma de Barcelona, Instituto Gestalt de Barcelona e outros lugares.

Foi realizado no México, em 2004 e out/2006 em Sevilha, o I e II Congresso de Pedagogia Sistêmica.


Enfoque sistêmico na educação, segundo as ORDENS DO AMOR

A importância da Ordem, o que foi antes e o depois, um olhar transgeracional, a importância da vinculação com as gerações.

Além disso, o valor da inclusão de todos elementos da educação, assim como o peso das culturas de origem, que tem a ver com as lealdades aos contextos de onde viemos.

A importância das interações dentro do sistema – qualquer elemento disfuncional pode afetar a todos elementos.

As ordens e desordens operam de forma inconsciente, na maioria das vezes. Assim, trata-se de identificá-las e focar nas soluções que possam tornar mais funcional e operativo o sistema, favorecendo a aprendizagem e o bem estar de todos.


A Pedagogia Sistêmica é a arte de contextualizar

Ampliar o olhar de forma sistêmica é juntarmos todas as forças, dos alunos e suas histórias, assim como de suas famílias, a força do grupo, os conhecimentos e as capacidades de auto organização dos grupos, à serviço da aprendizagem.

Assim, a finalidade é encontrar a ordem natural, identificar as desordens e ocupar o lugar que nos corresponde, seja como pais, mães, professores ou alunos – o que significa aceitar nossos limites e não fazermos o que não nos corresponde.


A arte do olhar que vê

Estar presente, ter disponibilidade para ver o que acontece na aula, na escola, nas famílias. Ter uma escuta empática, se colocar em ressonância com os pensamentos e afetos do outro.  É uma atitude de respeito profundo, sem deixar de colocar os limites certos aos alunos.

Da mesma forma, aceitar a vida e estar no lugar que nos corresponde, em ressonância com nossos sistemas familiares, também como pais e professores. Tomar um tempo pra conhecer os alunos, observar, dar valor aos elementos relacionais. Fazer as coisas mais lentamente, com consciência, saborear o que está fazendo.


Obstáculos: medo da emoção, da dor, do mal estar

Colocar-se em situação de comover-se com o mundo, abre os canais de vibração emocional em que o mundo exterior tem eco em nós e provoca mudanças pessoais.

Alteridade: O temor de se encontrar em situação de vulnerabilidade explica a tendência a refugiar-se em atitudes de poder. O contato profundo com o outro nos convoca a mudanças.

Ilusão de autossuficiência: Somos um nó em uma rede de relações e todos nos necessitamos.

Concepção de vida interior: A vida interior requer a disponibilidade e atenção ao mundo exterior. Os vínculos com nossas raízes e nossos pais, nosso olhar para o mundo, as mudanças, os encontros, a vida interior é o prolongamento dessas impressões que continuam ressoando em nós.

O IBS Sistêmicas esteve presente no II Congresso Internacional de Pedagogia Sistêmica, em Sevilha – ES, no ano de 2006.

Texto copilado por Maria Abadia Silva

Texto copilado por Maria Abadia Silva