‘Constelações Familiares na Medicina’: CECS apresenta o livro de Dagmar Ramos
Escrito por Deusmar Barreto
Obra da médica, homeopata, psicoterapeuta e presidente do Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas, Dagmar Ramos, propõe escuta ampliada dos sintomas, articula ciência e alma, e apresenta casos clínicos impactantes em que o adoecimento revela vínculos familiares invisíveis. Evento será realizado pela plataforma Zoom, e terá mediação da diretora de Fundamentos e Estruturação Teórica das Constelações do CECS, psicóloga Yolanda Freire. Participação é gratuita para associados da instituição. Não associados, valor da inscrição é de R$ 35
O Centro de Excelência em Constelações Sistêmicas (CECS) realiza o Projeto Autoria, iniciativa dedicada à apresentação de livros voltados à formação, ao aprofundamento teórico e à troca de experiências entre profissionais e estudiosos das Constelações Sistêmicas.
O Projeto Autoria recebe nesta quarta-feira (23/04) a presidente do CECS, Dagmar Ramos, que apresentará o livro ‘Constelações Familiares na Medicina’. A obra propõe uma reflexão sobre a influência das histórias familiares nos sintomas, nas doenças e nos processos de cura, e traz contribuições relevantes para a prática clínica e terapêutica.
O evento será realizado pela plataforma Zoom, com início às 20h, e terá a mediação da diretora de Fundamentos e Estruturação Teórica das Constelações do CECS, Yolanda Freire. A participação é gratuita para associados da instituição. Não associados, o valor da inscrição é de R$ 35.
Dagmar Ramos é médica, homeopata e psicoterapeuta, especialista em Medicina Preventiva e Social. Tem formação em Constelações Sistêmicas Familiares e Organizacionais. É diretora do IBS Sistêmicas. Foi uma das cofundadoras do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil.
Yolanda Freire é psicóloga (UFRJ), psicoterapeuta há 39 anos, mestre em Psicologia Social e da Personalidade (FGV-RJ), com especialização em Psicologia Junguiana (IJRJ). Facilitadora de Constelações (Formação Faybel) há 10 anos.
Obra fundamental para a articulação entre ciência, sofrimento psíquico e experiência humana
Em um momento em que as práticas integrativas e complementares ganham terreno no campo da saúde, o livro ‘Constelações Familiares na Medicina’, da médica e psicoterapeuta Dagmar Ramos, desponta como obra fundamental para a articulação entre ciência, sofrimento psíquico e experiência humana.
Publicado pela Editora Cultrix, o título apresenta um panorama técnico, sensível e literariamente sofisticado do uso das Constelações Familiares no contexto clínico.
Com base em sua trajetória como psiquiatra e homeopata, Dagmar lança mão de décadas de atuação prática para mostrar como sintomas físicos e transtornos psíquicos podem se relacionar a vínculos familiares profundos, muitas vezes inconscientes, revelados por meio da abordagem desenvolvida pelo criador da Constelações, Bert Hellinger.
Quando a história se torna caminho
A introdução da obra já antecipa seu caráter híbrido entre autobiografia e ensaio clínico. A autora revisita a própria Constelação, conduzida pelo psiquiatra alemão Gunthard Weber, que trouxe à tona a memória do irmão Cassinho, falecido aos 15 anos.
Ela narrou na obra esse momento inusitado: “Perto de completar 15 anos de vida, Cassinho apenas segurou minhas mãos e prosseguiu com calma:
– Eu vou desencarnar antes de completar 18 anos, eu vou, mas você fica”.
A Constelação revelou que Dagmar inconscientemente seguia o irmão na dor, em uma fidelidade profunda e silenciosa. Marcada por lágrimas, silêncio e um profundo sentido de pertencimento, despertou nela a consciência de que muitas doenças carregam em si vínculos de amor interrompido.
A Constelação não foi apenas terapêutica: foi um chamado. A partir dali, nasceu a médica sistêmica que viria a transformar o modo como se escuta o paciente.
A dor da perda da mãe, aos 55 anos, também é evocada como um marco emocional que atravessa a autora e sua obra. A ausência precoce materna não só moldou sua sensibilidade, como ampliou a busca por compreensão — e tornou a escuta mais empática com os lutos, os silêncios e as ausências das famílias que atende.
A constelação permitiu, segundo ela, um reposicionamento interno — não apenas profissional, mas existencial.
Constelações de sintomas e doenças clínicas
Logo no primeiro capítulo, Dagmar apresenta casos clínicos marcantes em que o sintoma corporal aparece como expressão de lealdade familiar. Uma paciente grávida com doença hematológica grave não respondia a nenhum tratamento tradicional. A constelação revelou uma lealdade invisível com uma antepassada e sua história trágica.
Outro caso envolve uma mulher com lúpus eritematoso sistêmico que carregava dores ancestrais não elaboradas. Há ainda histórias de infertilidade recorrente, lesões de pele autoimunes, câncer e recidivas oncológicas cujas raízes emergem de vínculos familiares interrompidos ou histórias esquecidas.
Constelações em transtornos psiquiátricos
No segundo bloco, a autora expande sua escuta ao campo da saúde mental. Casos de crianças com TDAH, adolescentes com depressão grave, jovens com ideação suicida ou uso de substâncias são abordados sob uma perspectiva sistêmica.
Em um dos relatos mais densos, um menino de 11 anos revive o destino de um avô que tirou a própria vida. A constelação revela a presença do suicídio como repetição trágica de um segredo familiar jamais verbalizado. Há ainda relatos de autismo, insônia grave, transtornos de humor e conflitos com a lei, todos analisados a partir do campo da alma familiar.
A ansiedade como convite à integração
A autora também trata de casos de ansiedade intensa diante do futuro, especialmente em crianças e adolescentes.
Mais do que um sintoma a ser combatido, a ansiedade é lida como um convite à escuta do que permanece fragmentado, um pedido de integração de partes do self ou do sistema familiar que ainda não encontraram lugar.
Uma jornada interior à luz da Psicossíntese
No último capítulo, Dagmar articula as constelações com a Psicossíntese, abordagem criada pelo médico psiquiatra italiano Roberto Assagioli, que vê o ser humano como um conjunto de subpersonalidades em busca de integração.
Roberto Assagioli é contemporâneo de Freud e Jung. É considerado o pai da Psicologia Transpessoal, que vê o ser humano na sua dimensão também espiritual com múltiplas subpersonalidades em busca de integração.
A constelação do eu é descrita como um ato de reintegração interior, no qual o sujeito se reconecta com sua biografia, linhagem e propósito.
Essa jornada não exclui a dor, mas a ressignifica: “Nas Constelações, ao me colocar no lugar do outro, abro uma porta para um maior contato comigo mesma. Amplio meu olhar ao redor, minha consciência da realidade”, escreve a autora.
Reflexões de Gunthard Weber
O prefácio do psiquiatra alemão Gunthard Weber — referência internacional no campo — reforça o alcance da obra. Segundo ele, Dagmar Ramos não apenas compreende com precisão as dinâmicas ocultas dos sistemas familiares, mas escreve com coragem, clareza e compromisso clínico.
“Esse é um livro que aborda, de maneira aberta e sensível, as duas grandes questões da vida: o amor e a morte”, escreve Weber logo no início. Para ele, Dagmar não apenas conduz o leitor por temas como saúde, doença e vínculos familiares, mas o faz a partir de um lugar de escuta profunda e vivência autêntica.
A escuta como revolução terapêutica
Ao reunir ciência médica, psicologia profunda, literatura e fenômenos clínicos observados ao longo de anos de prática, ‘Constelações Familiares na Medicina’ propõe uma ampliação da escuta clínica. Os sintomas não são tratados como “erros do corpo”, mas como mensagens codificadas de amor interrompido, dor não reconhecida ou pertencimento negado.
Constelações, para Dagmar, não substituem os demais tratamentos mas os complementam e permitem um olhar mais aprofundado do adoecer e do curar-se. A abordagem oferece ao terapeuta e ao paciente uma oportunidade de ver, incluir e reorganizar aquilo que adoece de forma silenciosa.
Quem deve ler?
A obra é essencial para médicos, psicólogos, terapeutas, estudantes de psicologia e consteladores sistêmicos. Também se revela profundamente tocante para leitores em busca de autoconhecimento e reconciliação familiar.
Ao oferecer relatos de casos reais, análise técnica e reflexões éticas, o livro se firma como leitura indispensável para quem compreende que a verdadeira medicina é aquela que escuta com os olhos da alma.
Avaliação dos leitores
Com mais de 140 avaliações na Amazon e nota média de 4,6 estrelas, a obra é descrita por leitores como “transformadora”, “obrigatória para profissionais da saúde” e “emocionante do início ao fim”. Os comentários destacam a coragem da autora, a profundidade dos casos clínicos e a acessibilidade com que traduz conceitos complexos.
Considerações finais
“Escrever este livro é como um abraço prazeroso, uma Constelação do Eu, uma dança circular sagrada em que somos um em círculos cada vez maiores, como nos lembra Ranier Maria Rilke”, diz Dagmar no encerramento da obra.
Ranier Maria Rilke, nascido em Praga, então parte do Império Austro-Húngaro, foi um dos mais importantes poetas de língua alemã do século XX, além de ensaísta e romancista.
O gesto literário, para Dagmar Ramos, é também um ato terapêutico — um modo de devolver sentido às histórias que a Medicina, sozinha, não consegue curar.
‘Constelações Familiares na Medicina’ é mais do que um título técnico: é um instrumento de transformação, um mapa para os que ousam perguntar “de onde vem essa dor?” e estão dispostos a ouvir a resposta no eco das gerações.
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‘Constelações Familiares na Medicina’ Autora: Dagmar Ramos Editora: Cultrix Páginas: 176